A poesia Lição Pra Mudar o Mundo nos faz refletir sobre as nossas reclamações em relação às outras pessoas e sobre as coisas que nos rodeiam, e lembra que, antes de tentar mudar os outros, nós devemos tentar mudar a nós mesmos, e a poesia Achei a Felicidade mostra que a felicidade depende de tomadas de decisões muitas vezes muito simples mas que fazem uma grande diferença nas nossas vidas.
Veja três estrofes de Lição Pra Mudar o Mundo:
Nos tempos
da mocidade,
com a mente
fervilhando,
eu só vivia
pensando
sobre essa
desigualdade.
A dura
realidade
que a gente
no mundo avista.
Organizei
uma lista,
e com um
desejo profundo,
fui tentar
mudar o mundo
com meu
plano de conquista.
Passei um
tempo lutando,
mas fiquei
desanimado.
Vi um país
destroçado.
Vi o
planeta esquentando.
Vi guerra e
fome matando
aquele povo
infeliz.
Sem conseguir
o que quis
eu decidi
num segundo:
Vou deixar
de lado o mundo,
e vou mudar
meu país.
(...)
Se você
quiser mudar
o mundo que
lhe rodeia,
não precisa
cara feia
e nem
precisa arengar.
basta você
aceitar
que você
não é perfeito.
E que só
existe um jeito,
É simples,
mas é profundo:
“-Só tem
mudança no mundo,
quando se muda o
sujeito.”
(...)
No ano de 1988 o meu pai emprestou o seu Dicionário Tupi Guarani, de Silveira Bueno, para Juscio Marcelino, artista plástico macaibense. Em 1990 meu pai morreu e somente 18 anos depois o livro foi devolvido a mim, intacto. Ninguém da família sabia onde estava o livro que papai tanto folheava. Comemorando a recuperação do livro, li e reli, anotei vários vocábulos e assim nasceu o cordel Nomes Indígenas - Pequeno Dicionário em Cordel.
Veja algumas estrofes:
Caa, palavra pequena,
significa
floresta.
Floresta
branca é caatinga,
que
a sua planta é modesta
por
ser rala e pouco densa
pra
caça também não presta.
Poranga significa
o
que é bonito e formoso.
Abaporanga é o homem
que
é bonito e vistoso,
representa
o que é belo,
traduz
o que é charmoso.
No
tupi o termo peba
é
tudo que é achatado,
representa
o que é baixo,
ou
que está rebaixado,
o
peixe que for assim
por
pirapeba é chamado,
Outra
terminologia
bem
conhecida é piranga,
significa
vermelho,
e
é sinônimo de pitanga,
caju
vermelho, portanto
se
chama cajupiranga.
(...)
No ano dois mil e sete aconteceu um acidente ecológico que matou quarenta toneladas de peixes no Rio Potengi, principal rio potiguar, lembrando das pescarias que fiz nos meus tempos de criança, descrevi no cordel Nosso Rio Potengi e o Desastre Ambiental as lembranças de um rio limpo e agradável, cheio de mangueiras e manguezais nas suas margens e fiz o contraponto mostrando a situação atual do rio.
Veja alumas estrofes:
Na
beira do manguezal
tinha
camarão pitu,
unha de véio, siri,
chama maré, aratu.
E
quando a maré secava,
era
que a gente pescava
caranguejo e sururu.
Agulha em cima da água...
Coisa
que nunca mais vi!
Goiamum de meio quilo,
era
comum por ali.
ostra de todo tamanho,
sem
falar do belo banho
na
pescada do siri.
(...)
No
ano dois mil e sete,
no
início de agosto,
o
povo riograndense
teve
um tremendo desgosto.
Sofremos
um grande mal,
um
desastre ambiental
verteu água em muito rosto.
(...)
Assisti
olhos chorando
e
vi as mãos calejadas.
Eram
mãos de pescadores
limpando
as faces molhadas,
ao
ver os peixes boiando,
e
o Potengi vomitando
as quarenta toneladas.
(...)
O Anel da Pedra Preta é um cordel para crianças. É daqueles que, quando bem contado, deixa todo mundo de olho arregalado esperando para saber o que vai acontecer na sequência da história.
Veja três estrofes:
(...)
Com cinco
metros de altura,
os olhos da
cor de fogo
o corpo
fazendo um jogo
que eu me
espantei com a feiúra.
Aquela serpente
escura
fedia a
carne estragada.
Ficou me
olhando parada,
e eu fiquei
sem ação,
quis correr,
mas não deu não,
quis falar,
não saiu nada.
Começou a se
bulir
pronta para
me pegar,
me morder e me
arrochar
e depois me
engolir.
Quando eu
pensei em fugir
a cobra me deu
o bote
como quem
pega um caçote
agarrou-me
pelo meio
que ali
naquele aperreio
eu fiquei só
o pacote.
A cabeça aproximou-se
e eu fiquei
ali parado
como que
hipnotizado,
pensei
comigo:-“Danou-se.”
Meu cabelo
arrepiou-se
me deu um
tremor na mão,
um tum tum
no coração,
e no corpo
um trimilique
que quase
dá-me um chilique
e eu caio
morto no chão.
(...)
Natal, capital do RN, se orgulhava de ter o ar mais limpo do Brasil. Depois de assistir a uma reportagem sobre o aumento do número de veículos em Natal resolvi pesquisar e descobri que os potiguares já não têm motivos para se orgulhar. Assim nasceu o folheto O Ar de Natal e As Estradas do País.
Veja três estrofes:
(...)
Há muito tempo que ouvimos
falar do ar de Natal...
Que é o mais puro do mundo,
“etcétera” e coisa e tal.
É só um tema egoísta
pra atrair o turista
para a nossa capital.
O nosso ar já foi limpo
merecendo um monumento...
Porém, com tantas peruas
liberando escapamento
com dióxido de carbono,
Já despertamos do sono,
e estamos noutro momento.
(...)
São centenas e milhares
de canos de escapamento,
liberando o “cê-ó-dois” (co2)
jogando a todo momento,
mais fuligem, mais fumaça,
mais doença, mais desgraça,
mais dor, e mais sofrimento.
(...)
O folheto a seguir traz duas histórias engraçadas: O Bicho Caiu de Lado, o relato de uma história que foi escrita num hospital, em São Paulo do Potengi, e, O Sonho de Joãozinho, o meu cordel mais pedido em shows e apresentações, que conta a história de um menino que sonhava ser ladrão e resolveu ir para o Rio de Janeiro pra ser ladrão de verdade, mas, no caminho do Rio, o caminhão no qual ele ia de carona passou por Brasília, o caminhão se quebrou e...
Três estrofes de O Bicho caiu de Lado:
(...)
Quando
ele viu a enfermeira
Bonita,
formosa e bela
Ficou
que nem um cachorro
Quando
encontra uma cadela
Disse:
“- já tô relaxado”
E
ficou de olho grelado
Nas
curvas do corpo dela.
Ela
pegou duas luvas
Botou
uma em cada mão
Pegou
gaze, soro, iodo
E
um chumaço de algodão
E
com muita experiência
Mostrando
ter competência
Foi
logo entrando em ação.
Baixou
a calça do velho
Com
firmeza e com carinho
De
repente apareceu
Aquele
treco murchinho
Ela
encharcou o algodão
E
alisando com a mão
Foi
limpando o bigulinho.
(...)
E três de O Sonho de Joãozinho:
(...)
Aprendeu a
comprar voto
A fazer
filiação
A mexer com
caixa dois
Pagar propina
a ladrão
Aprendeu as
espertezas
E todas as
safadezas
Que têm na
corrupção
Em troca de alguns
favores
Seu nome entrou
no cenário
Num ano foi
assessor
No outro foi secretário
De um
conhecido prefeito
Até que enfim
deu um jeito
De chegar lá
no plenário
E o seu sonho
de criança
Hoje está
realizado
O sonho de
ser bandido
Conhecido e respeitado
Foi aos
poucos dando certo
Por ser um
bandido esperto
Joãzinho hoje
é deputado.
(...)
O Burro é o Ser Humano é um cordel é fabuloso. O grande poeta Antonio Francisco é autor do cordel Os Animais tem Razão, no qual ele escuta a conversa de vários animais sobre a maneira como o ser humano está tratando o nosso planeta. O burro, a vaca, o morcego, a cobra, o cachorro ,e o rato fazem uma conferência com muito bom humor e irreverência. No cordel O Burro é o Ser Humano eu me encontro com o Burro da poesia de Antonio Francisco e travamos uma conversa sobre a situação do Rio Pitimbu e a construção de condomínios na sua margem.
Veja algum,as estrofes:
(...)
Fiquei todo
arrepiado
quando o
jumento me olhou
chamou a
minha atenção
e para de
mim cochichou:
“-Não se
assuste comigo,
você não corre perigo.
E depois continuou:”
“-Você meu
caro poeta,
com esse seu sentimento
foi por Deus abençoado.
E agora, nesse momento,
vai ter a capacidade
e a oportunidade
de escutar um jumento.”
Eu senti um
arrepio,
o suor veio
na palma,
ao escutar o
jumento
senti um
frio na alma,
meu coração
disparou,
mas o
jumento falou:
“-Meu poeta,
tenha calma!”
Olhou-me com
a grandeza
de um sábio
de Alexandria,
e disse: “-O
que o homem faz
comigo é uma
covardia,
mas eu lhe
dou o perdão
porque no
meu coração
só tenho paz
e alegria.”
(...)
O Cabelinho Crespo (Ou A Mulher que Enganou o Diabo)é uma história que foi publicada por Deífilo Gurgel no Livro Introdução à Cultura do RN. A história ele garimpou do Sr. Manoel de Joana, na comunidade de Alcaçuz, quando ele fazia pesquisas sobre a cultura potiguar nos anos 80.
Veja três estrofes:
(...)
Li num livro
de cultura
de Deífilo
Gurgel,
esse conto
popular
e passei para
o cordel,
mantendo a sua
estrutura,
vou
resgatando a cultura
e cumprindo o
meu papel.
Senhor Manoel
de Joana,
um senhor já
falecido,
do povoado Alcaçuz,
um homem
muito querido,
sempre
contava esse conto,
e no cordel
eu reconto,
pra não ficar
esquecido:
“Era uma vez
um homem
que estava na
pior,
mas se a
pobreza era grande,
a ganância
era maior.
a Jesus, nada
pedia.
quanto mais
ele sofria
sua fé era
menor.
(...)
O cordel O cajueiro de Pirangi é um dos títulos mais vendidos entre todos os folhetos de minha autoria. Publicado pela primeira vez em 2005, foi lançado na III Bienal do Livro de Natal, que aconteceu no piso superior MidWay Mall. O cordel fala da origem indígena do nome Pirangi, fala da relação do nome do rio com a praia e o cajueiro e da importância econômica e turística desse ícone do Rio Grande do Norte.
Trata-se
de um cajueiro
bonito,
robusto e forte;
impressiona
quem olha
o
seu grandioso porte
pra
conhecer venha aqui
na
praia de Pirangi
no
Rio Grande do Norte.
(...)
O nome que era do rio
batizou a enseada
e a praia de Pirangi
sentiu-se homenageada
numa total perfeição
como uma santa união
a praia foi batizada.
O galho do cajueiro
espalha-se pelo ar
depois se encosta ao chão
voltando a enraizar
fixa no chão e levanta
parecendo que outra planta
nasceu naquele lugar
(..)
Passando um final de semana no assentamento Zabelê,escutei muitas histórias no alpendre da casa de Raquel, minha querida cunhada, que Deus a tenha. Uma dessas histórias me inpirou a escrever O Fim de Uma Família Pela Inveja e a Cobiça. História fictícia de duas famílias que travam uma luta por questões de terra e tem um final inusitado.
Veja algumas estrofes:
(...)
Meu caro
amigo leitor
Preste
atenção nesta estória
De morte e de
sofrimento
De injustiça
e vitória
Onde o mal
sai derrotado
E o bem finda
na glória
No Rio Grande
do Norte
Há muito
tempo atrás
Morava uma
família
De sobrenome
capaz
De causar
grande respeito
A velho, moço
ou rapaz
Todo mundo
respeitava
A família dos
Ferreira
Porque todos
desse clã
Tinham
palavra certeira
Cumpriam seus
compromissos
E amavam a
paz verdadeira
E existia
outra família
Que só vivia
de briga
Pra arranjar
uma encrenca
Eles não
tinham fadiga
Onde um
Gouveia passava
Deixava
sempre uma intriga
(...)
José Acaci - espacodocordel@gmail.com