COMPRANDO
CONSCIÊNCIA
José Acaci
Um político
tarimbado,
raposa velha de
ação,
ganhador de eleição.
Um enganador
safado,
desses que
fala encanado,
entrou no bar
da pracinha
de numa
cidadezinha
e
gritou:-quem quer cachaça?
quem quiser
bebe de graça,
hoje a conta
vai ser minha!
Passou a
tarde todinha
pagando cana
e falando,
e os bebuns
se embriagando
e tomando
tudo que vinha.
Ele dizendo
que tinha
dinheiro pra
se manter
influência no
poder,
e outras
qualidades dele,
e que quem
votasse nele
não ia se
arrepender.
Prometeu pra
Zé Jumento
um milheiro
de tijolo,
e pra Manezin
do Bolo,
quatro sacas
de cimento.
prometeu
comprar um cento
de ripa pra Zé
Migué,
um sacolão
pra Mané,
remédio pra Zé
de Bana,
e tome
promessa e cana,
risada,
fuzaca e mé.
No meio da
farra e da loa
um menino
entrou no bar,
começou a
espiar,
e viu aquela
pessoa
que bebeu,
ficou à toa,
e caiu ali no
chão
perto do pé
do balcão.
O bebum
esparramado
era o pai
desse coitado
que ninguém
deu atenção.
Nem viram o menino
entrar,
e quando ele
foi entrando
ficou num
canto esperando
pra ver o pai
acordar.
E ele ficou a
escutar
a conversa do
doutor,
que naquele
seu furor
nem via as
águas caindo
dos olhos do
tal menino
que chorava
de amor.
Nesse instante,
do outro lado,
ouviu-se de
lá da esquina
um apito da
buzina
de um motão
avermelhado.
Um amigo do
deputado
passando pela
tangência,
pra mostrar
eficiência,
gritou, sem
descer da moto:
tu estás
comprando voto,
ou pagando penitência?
Foi um
momento bonito
quando o povo
calou-se
e o menino levantou-se
e respondeu
com um grito
mais forte do
que o apito.
Do fundo da
inocência.
delatou a
intransigência
quando olhou
pro pai no chão
e disse de
supetão!
tá comprando consciência.
FIM
Contatos com o autor: espacodocordel@gmail.com
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