sábado, 18 de maio de 2013

PRIMEIRO RESUMO DE DEZ CORDÉIS

Esse  folheto traz duas histórias interessantes: A Alma Pantariosa, uma história de assombração com final inusitado, e,  Uma Resposta Bem Dada, uma história muito engraçada .
Veja duas estrofes de A Alma Pantariosa:



Frio, lama e atoleiro,
era grande o sofrimento,
as almas pantariosas
vindo no meu pensamento,
eu com as roupas molhadas,
escutei uma pisadas
e aumentou o meu tormento.

Olhei pra trás e avistei
um olhão aboticado,
danei-me dentro do mato,
fiquei todo estropiado,
e quanto mais eu corria
mais perto os passos ouvia
correndo para o meu lado.

... e duas de  Uma Resposta Bem Dada:


Maria era uma matuta
que veio d'outro lugar
pra fazer uma consulta,
pois, queria perguntar
porque que sua barriga
esticava que nem liga
como se fosse inchação.
Por ser inexperiente
queria ficar ciente
daquela situação.
(...)

Maria voltou para casa.
Mas encontrou no caminho
Dona Maria de Adauto
que lhe explicou direitinho
que ela estava era buchuda,
e que mulher barriguda
deve esperar mês a mês,
que ela não tivesse pressa
e não fosse na conversa
desse tal Doutor Cortês.


"A Esperteza de Ana Pra se Livrar do Marido" é a história de uma mulher que foi traída pelo marido e achou um jeito bem interessante de se vingar e se livrar do safado. 

(...)


Ana dizia pra Zé:
“-Você pensa que é solteiro?
Eu já não aguento mais
trabalhar o dia inteiro
e você só vadiando.
Inda fica reclamando
quando não lhe dou dinheiro.”

Zé respondia: “-Que nada!
Você nasceu pra sofrer.
Eu sou marido ferrolho,
não tenho o que esconder.
Acabe com essa besteira,
vá vender fruta na feira,
que eu vou sair pra beber .”

E quando a pobre mulher
Saía pra trabalhar,
Zé saía pelos fundos
Pra ninguém desconfiar.
Enquanto ela trabalhava,
Belarmino se mandava
Pelo mundo a vadiar.

(...)

O folheto "A Feira e Os Mercados de Parnamirim " conta a história da feira de Parnamirim, cidade do Rio Grande do Norte. As estrofes contam passo a passo como surgiu a primeira feira da cidade, quem foram os responsáveis, onde era o primeiro mercado, e como, e porque ele foi derrubado, além de citar outros fatos relevantes na história da cidade que no
ano 2013 completou 27 anos de acolhida ao autor deste cordel.
 
Veja algumas estrofes:



Mesmo enfrentando protestos

Em prol do velho mercado

Seu Deoclécio ordenou,

Como agora foi narrado.

Quando o jeep acelerou

O prédio foi derrubado.
        

As colunas amarradas

Ruíram em quebradeira

Quando o velho Land Rover

Acelerou de primeira

Formando uma grande nuvem

De fuligem e de poeira.

        

O que é novo fica velho

Quer você queira ou não queira.

Do mercado lá da praça

Não tem mais eira nem beira.

Hoje temos dois mercados

O do centro, outro da feira.

O cordel "A Fortaleza dos Reis Magos " foi um dos que mais me deram trabalho para escrever, pois precisou de muita pesquisa e muitas idas e vindas até aquele marco da construção de Natal, para ouvir os guias que contavam a história da Fortaleza para os turistas.
Veja alguma estrofes:



Aos noventa e oito anos
da chegada de Cabral
iniciou-se a história
da construção de Natal
e essa edificação
é um marco na relação
do Brasil com Portugal

Quem visita a fortaleza
imagina as invasões
os holandeses chegando
com suas embarcações
para a tomada do forte
e o Rio Grande do Norte
no foco das atenções

O forte foi construído
na época em que Portugal
e Espanha eram um só reino
sob o comando geral
do Rei Felipe Segundo
que buscava em todo o mundo
domínio comercial



O cordel a seguir fala das lutas dos professores brasileiros para conseguir reconhecimento e para sobreviver nessa eterna batalha por melhoria salarial e de condições de trabalho.


Veja as três primeiras estrofes:


Deus do céu me ilumine
com a luz da sabedoria,
mande-me a verve poética
dos deuses da poesia,
pra que eu lhe mostre o valor
e a garra do professor
nas lutas do dia-a-dia.

Eu dou parabéns a todos
os colegas professores,
que tem na sua bagagem
a força dos precursores,
o sangue dos pioneiros,
a coragem dos guerreiros,
e a garra dos lutadores.

Se você é um tenente,
um Juiz ou um doutor,
se é um bom advogado,
ou mesmo um aviador,
não esqueça meu irmão:
você passou pela mão
de um amigo professor.


           Piston foi um jumento que viveu em Parnamirim nos meados dos anos 60, e ficou famoso pelas suas peripécias, uma vez que era um animal tarado, ele atacava as jumentas sem que elas estivessem no cio, gerando assim vários casos que ficaram na história da cidade que, naquela época, tinha pouco mais de sete mil habitantes.




Certa vez esse jumento
Vinha numa disparada
Atrás de uma jumentinha
Que fugia aperreada
E aconteceu esse caso
Que parece uma piada

No tranco da disparada
A jumentinha entrou
Piston vinha atrás correndo
A jumenta escorregou
Ele entrou na padaria
E tudo espanaviou

Tinha um balcão de pão doce
Desses com vidro fechado
Espatifou-se em pedaços
E foi pão pra todo lado
Bolacha e bolo voaram
Ficou tudo espedaçado


        A História dos Papa-Filas é um folheto que conta a história do primeiro sistema de transporte coletivo de Parnamirim/RN e desde o seu lançamento muita gente se delicia relembrando o tempo em que utilizou o velho ônibus com frente de caminhão para se deslocar até Natal. Nota: O apelido Papa-Fila é porque só existia esse meio de viajar até a capital, dai a formação de imensas filas.



Veja algmas estrofes:



Cabia nele os dois times
Juvenil e titular,
Os reservas, os parentes
Que quisessem acompanhar,
A torcida, a comissão,
O roupeiro e um batalhão
De pessoas do lugar.

Segundo o amigo Sousa
Era bonito se ver
Quase trezentos meninos
Dentro dele a se espremer.
Iam todos pro cinema
E eu registro em meu poema
Pra ninguém mais esquecer.

Na verdade o “Papa Fila”
Não era um, eram três
Existiam os dois maiores
E o menor por sua vez
Tinha uma frente pontuda
Era a Mercedes “Bicuda”
E os outros dois, “FÊ-NÊ-MÊ’s”

O “Papa Fila” acoplava
A cabeça de caminhão
Num corpo de um grande ônibus
Pra fazer locomoção
Levava alunos pra escola
Jogador pra jogar bola
E gente pra diversão.


          No ano 2008 aconteceram alguns fatos que me inspiraram a escrever o cordel "A Justiça e a Injustiça no Brasil Injustiçado" , o primeiro foi a prisão de um carroceiro por ter invadido o terreno de um advogado para cortar uma toceira de capim  para dar pro seu animal e outro foi a prisão de uma senhora por roubar uma margarina num supermercado, e em ambos os casos passaram mais de um mês presos, enquanto Paulo Maluf, que desviou mais de quinhentos milhões de reais dos cofres públicos brasileiros não passou três dias na prisão e hoje goza de im(p)unidade parlamentar.





A injustiça no Brasil
E citada no estrangeiro.
Prendem o ladrão de galinha
Soltam ladrão do dinheiro.
Veja que coisa mais feia,
Pro pobre, surra e cadeia,
Pro rico esse mundo inteiro.

Um pobre pai de família
Que vive em sua labuta
Para criar os seus filhos
Sofre, chora, cansa e luta,
Só vê pedra em sua trilha
Pra criar sua família
Dentro da boa conduta

Se acaso for acusado,
Mesmo em falsa acusação,
Vai preso, e, pra ser julgado,
O caso leva um tempão,
E ele passa muitos anos
Sofrendo dos desenganos
E os males de uma prisão.

E os políticos que vivem
Roubando nossa nação
Têm dólar, carro importado
Só viajam de avião,
Têm motorista, porteiro,
Fazenda, granja, dinheiro,
Piscina, gado e mansão.


           O próximo folheto conta a história de Dona Amélia Machado, que ficou conhecida no Rio Grande do Norte como A Viúva Machado e também como O Papa-figo. Existe a lenda de que a Viúva Machado contratava um velhinho que saía com um saco nas costas para sequestrar meninos e arrancar-lhe o fígado para levar para a viúva comer. O fígado serviria como remédio para uma terrível doença a qual ela foi acometida.





(...)
Sabemos que o termo “Figo”
é uma fruta de estação,
mas o termo “Papa-Figo”
trás outra conotação.
Trocavam fígado por figo
fazendo uma contração.

Os filhos acreditavam
com uma fé tão profunda,
que, se acaso eles vissem
qualquer velhinho corcunda,
a carreira era tão grande
que os pés batiam na bunda.
3
Mas a origem da lenda
é mais sensacional.
É a história de uma moça
de beleza magistral,
filha de família rica
da cidade de Natal.

No Rio Grande do Norte,
quase todo povoado
tinha uma porção de terras
que, quem fizesse um roçado,
tinha que negociar
com a família Machado.

De nome Amélia Duarte,
e o sobrenome Machado,
ela tornou-se a viúva
mais famosa do estado.
Dona de sítios, fazendas,
e terras por todo lado.

(...)

          A Operação que Fizeram no às de Copa de Zé é um cordel muito engraçado e foi baseado numa história real. Um amigo me contou que fez todo o tratamento dentário de graça na UFRN  no hospital universitário e, precisando se tratar de uma hemorroida resolveu procurar o mesmo sistema de atendimento, mas ele se arrependeu pro resto da vida.
(...)


Ele pensou no dinheiro
Que teria que gastar
E disse: “- O meu dinheirinho
eu nunca vou entregar
pra um doutorzinho Chulé,
que mexe em forobosqué,
morro mas não vou pagar

Ele já estava saindo
Quando eu falei com maldade:
“-Mas se o senhor for cobaia
nas turmas da faculdade
que tem ali em Natal
não vai gastar um real
é tudo na amizade.

(...)


Zé Conrado se deitou
e ficou agoniado,
ao ver cinquenta estudantes
tudo de dedo esticado,
se preparando pra ação,
botando a luva na mão,
e vindo para o seu lado.

(...)
                       José Acaci

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